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Fazer a nossa parte.

Estaremos nós cientes do que é fazer a nossa parte, pelo menos enquanto pessoas?

Bom dia, boa tarde ou boa noite, de acordo com a hora que estão a ler isto ou de acordo com o País onde se encontram. 
Começar assim teve o seu propósito. Porque nada que eu diga ou faça ou que eu fique apenas pelo o olhar é sem razão aparente. Quis fazer a minha parte antes de vos dizer o que é, ao certo, isso. 
É de esperar que quando vamos na rua e alguém nos passa ao lado, dizer "Bom dia" , "Boa tarde" , "Boa noite", faz parte da educação que os nossos Pais nos deram. Mas, será só uma questão de educação? De certo modo, a maior percentagem pertence à educação, mas pelo menos 5% do cumprimento é: Fazer a nossa parte.
O mais importante na amizade é as risadas, a boa disposição, estar lá para o outro. Estou certa? (Se calhar faltam imensas teorias para provar o quanto é importante haver o que referi numa amizade. Se houver apenas silêncios, bons dias, boas tardes e boas noites, não é amizade. É respeito perante a presença da outra pessoa. Eu tenho vivido disso. Mas também tenho risadas e o que é fundamental para manter uma amizade, noutras amizades, com outras pessoas. Amigos são poucos, colegas são todos). Serão só as risadas que fortalecem uma relação? Tanto profissional, amorosa ou amigável. Não é. Mas eu não vim cá discutir isso. Só comparei as situações. 
É tão fácil achar que fizemos a nossa parte quando não permitimos elevar uma discussão aos extremos. 
É tão simples dizer que fizemos a nossa parte quando perguntámos se estava tudo bem.
É tão inconsciente as vezes que achamos ter feito a nossa parte quando na verdade, só nos deixámos ficar pelo básico. 

Rapaz - Bom dia, está tudo bem? Parece abatido.
Senhor - Bom dia, estou bem, obrigado por perguntar. Estou só pensativo.
Rapaz - Pensativo em relação a quê? Posso ajudar?
Senhor - Não caro colega, não pode. Há coisas que preferimos deixar para nós porque ninguém vai compreender nem ninguém vai saber o que fazer para ajudar-me. E no final vão dizer: "Nem sei o que dizer..." Pois o óbvio é tão óbvio que nem se pensa noutra possibilidade. 
Rapaz - Nem sei o que dizer..
Senhor - Exatamente, foi o que esperei ouvir.
Somos tão limitados que a própria barreira entre nós e o medo. Temos medo de incomodar quando estamos a fazer "o bem". Temos medo de estar a mais quando a única coisa que a pessoa quer, é companhia. Temos medo de estar a falar demais com as pessoas que estão completamente fartas de silêncios. O tic tac do relógio já enerva. Sempre aqui a melgar. Já nem sei no que pensar quando penso.  
Não nos devemos limitar apenas pelo básico da educação, pelo básico de fazer a nossa parte.
Façam a vossa parte e a vossa parte e a vossa parte outra vez. Porque aí já estão a fazer a vossa parte e mais alguma coisa. 

Rapaz - Bom dia, como vai? Está pálido.
Senhor - Bom dia, estou bem, obrigado. Não tomei os comprimidos para a gripe hoje.
Rapaz - Isso é perigoso, meu Senhor. 
Senhor - É mas o perigo sempre foi algo que eu adorei correr. Adrenalina até na ponta dos pés.
Rapaz - Adrenalina não se pode passar por cima da saúde.
Senhor - Ó meu jovem, já não faço nada aqui.. Não tomar os comprimidos é só uma ajuda..
Rapaz - Uma ajuda para um dia já não poder ver os seus netos. É isso que quer? Passar em branco no conhecimento de alguém que os seus filhos deram fruto. Foi isso que quis dizer?
Senhor - Não sei o que dizer..
Rapaz - Foi exatamente isso que o Senhor pensou que seria eu a dizer. Mas quem o disse foi o Senhor. Vá para casa, tome os comprimidos e um dia mais tarde conte-me como são os seus netos e se jogam à bola ou preferem jogar computador.
O Senhor sorriu e foi para casa.

Façam a vossa parte e mais alguns acrescentos..

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