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Nas asas da incerteza

Miraculosamente, deixe-me ir. Mudei a rota e acho que nunca tinha encontrado um caminho tão certo como este.
Despedi-me de todos os sítios por onde passámos e despedi-me de ti. Calculei as distâncias antes das paragens e cheguei à conclusão que era diariamente a minha trajectória diária. Passar por ti, nos sítios onde fomos felizes.
Deixei de tomar café pela manhã, deixei de frequentar os cafés da zona. Mudei de cidade, encontrei pessoas novas. Mudei por necessidade de sair de mim e da prisão onde estava. Ainda oiço música pela manhã e depois do almoço. Ainda escolho o banco vazio da ponta para que não haja confusão na saída e para que ninguém repare na minha ausência. São das poucas coisas que não mudaram.
Encontrei tantos estranhos que me perdi mas não pude voltar atrás. Mudou maioritariamente as pessoas com quem converso, com quem partilho momentos... Embora ainda haja pessoas que eu visito de propósito, porque a sua companhia é indispensável.
Deixei de ser ingénua ao ponto de achar que o que é cor-de-rosa, vai ser sempre cor-de-rosa; deixei de ser pessimista ao ponto de achar que não consigo realizar nada, que não consigo conquistar nada. Aquilo que tiver de conquistar, eventualmente, vou chegar lá, como objectivo e como uma motivação e não, como um consolo para o que não alcancei. Vai chegar a hora que terei o gelo maior que a água, porque a água congela. Embora, tudo tenha um retorno. Nem tudo.
Sou a mesma mas, mudei os hábitos, conquistei mais amigos e vi mais do que apenas os sítios que tinha saudades. Porque as abandonei no momento que me deixaste ir.
Existem poucas coisas melhores que nos sentirmos em casa, quando na realidade, estamos apenas acompanhados.
Acredito profundamente que encontramos as pessoas que nos vão acrescentar algo mais à nossa existência; acredito que a cidade para onde vamos não é um mero acaso, mas um acontecimento consciente que pode ser uma mais valia, dado aquilo que é a tua história e o que precisas para mais um capítulo.
Capítulos... Todos eles diferentes, todos eles comuns na essência. Escrever o relevante e deixar para lá o que nada nos transmite alegria e bem estar. Bem estar esse, que tem de ser mais vivido do que sentido. Talvez porque se ignore o que se sente em certas alturas.
Quis. 
Quis sentir um novo abraço. 
Quis dar a mão novamente.
Quis entrelaçar-me na vida de outra pessoa.
Fui. Sem pensar duas vezes. Com todas as incertezas.
Fui à procura de um conselho para ultrapassar os capítulos e de repente, nasceu um novo a partir daí. 
Chegou atrasado na maior parte das vezes que o encontrei mas o encosto de que precisava chegou sempre a horas.
Tapou-me do frio sem saber que eu era gelada.
Levou-me para lugares que eu nunca pensei que estivesse disposta a ver. 
Há poucos sítios que me encantam mas há muitas pessoas que me levam ao encanto. Seja qual for. Seja por dias, por horas, noites e por passagens.
Passei para te ver e, decidi ficar para te continuar a ver feliz como da última vez que acordaste. Ao meu lado.
Fomos ver as estrelas e entretanto, o único brilho que vimos foi dos nossos relógios que tínhamos para nos acompanhar nas horas que passaram a minutos.
Procurei por horas mais bonitas que aquelas que passava contigo e não encontrei. Todo o tempo do mundo, nunca será suficiente. Tudo aquilo que sou quando estou contigo, nunca é o suficiente e tenho a perfeita consciência que nunca serei a estrela mais brilhante do céu, serei uma. 
Essa. 
Que espero que guardes com bons olhos e que sorrias quando me vires. 
De passagem.
Esta.
Que vai andando.

Até ao próximo dia em que o relógio conte os minutos por nós.

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