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No lugar de sempre

 São três da manhã e ainda não adormeci, não tenho sono mas quero dormir, choro desalmadamente como se nada me acalma-se. E não acalma.
Cheguei ao meu limite. Nunca amei tanto alguém nem com a intensidade que hoje digo que sim, amo e amei. Espero que com tempo as coisas venham a atenuar, e que possa sentir-me leve. De culpa, de amor, de esforço, de degaste, de desmoronamento. Porque foi isso que aconteceu. Desmoronei quando achava que estava segura.
Havia dias em que me sentia tão no céu que nem a lua da noite me escurecia o dia. E sabem? Era um sentimento tão bom! Nem a noite que escurece-se o teu dia. As estrelas brilham como nunca antes visto. O céu já não é o limite, há muito para além do céu. Irás descobrir.
Hoje e ontem não sinto nada disso, o limite é o meu choro. E já chorei demasiadas vezes por aquilo que eu não quero nem nunca quis. O amor é uma coisa boa, só deveria fazer chorar de alegria. Quando o choro é de tristeza, não é amor. É desilusão, é desgosto, é mais uma tentativa falhada.
Porque é isto que o amor causa. Tentativas sucessivas por algo melhor, por mais um sorriso, por mais um carinho, por mais um beijo. Que por vezes, não chegam.
Chega-nos pouco e o pouco nos contenta.
Não chegou nada. Estou em breve despedida do amor da minha vida. Sim, é verdade.
"Breve" porque sei que amanhã ainda me vou lembrar, porque daqui uns anos ainda saberei quando faz anos, porque ainda terei a tendência de lhe querer dizer algo, embora saiba que não será bem vindo. Como já não é mais bem vindo qualquer coisa que venha da minha pessoa. Tenho pena, tanta pena! 
Tenho pena que o Amor se limite ao que as pessoas idealizam para alguém ser feliz e não ao que querem e precisam como sentimento. Eu sinto, e idealizei melhor que isto para o meu Amor. 
Vou querer eternamente o seu bem, sei que o sabe, mas às vezes tenho a impressão que se esquece do quão zelo por ele, mais que por mim, de vez em quando... Quando somos felizes com alguém, fazer a pessoa feliz já é nos estamos a fazer felizes a nós próprios. E eu fazia isso. Fiz-lo feliz como eu fui sendo. Com ele.
Estamos enquadrados em escolhas diferentes, não foi premeditado mas aconteceu. Não quis mas doeu.
Por vezes, temos de assimilar as escolhas dos outros primeiro, do que fazer as nossas.
Escolheu, eu fiquei. 
No mesmo sítio onde estarei daqui a uns anos, sendo a mesma pessoa que ele conheceu. Talvez mais madura, com mais experiência de vida. Mas sabem? 
Da próxima vez que o vir, vou sorrir-lhe com ainda mais alegria que da última vez. Porque é isso que eu faço, guardo as pessoas para um próximo sorriso que possa vir adiante. Guardo-lhes o meu melhor sorriso.
Se faço bem ou mal, eu não sei. Simplesmente odeio despedidas, e odeio o facto de estar distante da pessoa que eu tão bem conhecia e admirava. Distanciamo-nos ou a vida distanciou-nos? Não sei... 
Conhecia-te como só a mim me conheço, e na maioria das vezes conhecia-te melhor a ti, que a mim mesma. Embora não goste da pessoa que te tornaste quero que saibas disto.
Vou ter imensas saudades, vou guardá-las e preservá-las mas compreendo que já não faça parte da sua vida... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. E as escolhas de quem queremos...
De hoje em diante, será lembrado e com carinho. Porque é disso que me quero lembrar, das coisas boas mais do que das más.
Foste tudo e de tudo, foste principalmente o amor da minha vida. Guardar-te-ei no lado do amor. Porque amar-te-ei eternamente.
Se a distancia um dia se encurtar, estarei aqui, sendo a mesma pessoa. No lugar de sempre. 
A zelar por ti.

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