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Crónica 3 - A Força que se Esgota

O doloroso da vida é a distância a que estamos sujeitos entre uma coisa e outra. Ou entre uma pessoa e nós.
O fim é menos difícil, o caminho avizinha-se. O final de alguma coisa achamos sempre mais fácil do que a distância até lá.

- Sinto-me tão triste... Tanto que não consigo dizer às pessoas que estou triste, está tudo bem, eu estou bem e vou continuar, obvio, como sempre estou e estarei. É aquela mentira em que queremos que todos acreditem.
Estou com vontade de chorar por tudo e por nada, ou só por nada. Gostava de ter as pessoas que gosto perto de mim, sem precisar de as lembrar que estou aqui, com elas e para elas. Que existo.
Sinto que às vezes se esquecem e como se esquecem eu tenho a necessidade de as procurar de novo para que não se esqueçam totalmente. Mas às vezes, já não vou a tempo... É triste, tal como estou.
Agradeço àquelas que ainda se lembram da minha existência e tenho pena daquelas que me esquecem quando o vento passa, ou até quando uma brisa leve aparece. Custa, claro que custa. Tudo custa, apenas nos vamos habituando ao quão custa.
Alberto ia na rua, estava com pressa e por isso apressou-se a passar na passadeira, sem reparar que um carro se aproximava bruscamente. O carro bate-lhe...
"Gostava de te ver novamente, e se não te visse, gostava que alguém que passasse por mim na rua, usasse o mesmo perfume que tu. Para que me lembra-se de ti. Gostava também que alguém com o mesmo bom gosto que eu, estivesse a usar algo que eu também usasse, para que me recordasses por 10 segundos, não peço mais, só isso. 
Estou esgotado de tanto tentar, de tentar tudo e não conseguir nada, estou exausto. Ando a dormir mal, e aquilo que eu apenas queria que soubesses, é que te amo. Amo-te como me sinto vivo, até um dia. A vida acaba e quando eu não estiver por aqui, espero que também não haja mais ninguém que te ame como eu. Porque eu amo por inteiro e sempre, eternamente. 
Não esqueças que o azul e o laranja ficam bem juntos, são as minhas cores favoritas, não esqueças que eu não gosto de cogumelos porque parece que amarga. Mas a pior amargura é, eu estar aqui e tu... sei lá onde! E com quem... 
Comprei-te um ramo de flores que sei que nunca vais ver, e sabes o que penso sobre isso? Que as adorarias até que murchassem. Comprei-as no meu último ato de coragem e de amor, porque vou deixar-te ir, como se deixam as andorinhas partir, sabendo que elas voltam no próximo ano. Só que eu, só pensei na ida, ainda não sei se tenho volta..."
- O senhor está bem?!
- Está tudo bem, obrigado.

Até quando não está, se diz que está.

Quando voltares, não te esqueças de me trazer no teu coração, ao menos disso, não te esqueças...
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