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Capítulos da nossa existência

Quando somos pequenos, inevitavelmente associamos esta 'brincadeira da vida' a um conto de fadas. Sonhos cor de rosa todas as noites com o nosso amado e embora ainda não existente, príncipe encantado. Gigante rótulo para uma pessoa só. E, fantasiada todos os dias mais um bocadinho pelas histórias que vamos ouvindo contar por parte dos nossos pais e/ou avós. Nada que nos faça mal. Vai nos fazendo felizes a ilusão. Apenas é engraçado quando uma criança te diz que sonhou com o amor da sua vida. Alto, moreno, de olhos azuis... E a partir de 3 características cria-se um mundo totalmente paralelo àquele em que hoje em dia o estado insiste em aumentar os impostos. E dinheirinho que é bom, nada... Bem, continuemos naquilo que me trouxe aqui porque eles lá sabem o que fazem. Pensamos nós... 
Quando crescemos, o capítulo renova-se. Claro que permanece algo da nossa infância. Seria triste se assim não acontecesse. É renovada a forma como olhas para o sol e percebes que às vezes é envergonhado. Renova-se a lucidez com que se passa a olhar às coisas. "Se calhar precisam da minha ajuda" quando antes era, "Posso ir ver televisão?" mesmo que nem sempre se pedisse para tal. Encontra-se uma ideia de solução para as situações. "Talvez tenha sido bruta naquilo que disse, desculpa". E antes, chorar aos berros fazia com que toda a gente nos consolá-se, mesmo daquilo que fizéssemos mal. Não temos consciência do que fazemos mal em crianças. Renova-se isso mesmo também. A consciência de pensar mais alto do que a torre. Quer dizer com isto, começamos a tomar consciência do que pode ser gigante se assim pensarmos que é. Quero dizer também, temos consciência de quando falhamos. "Desculpa não ter estado lá, quando deveria, quando pensarias que estaria." Quando antes, fazíamos birra se nos dissessem que tínhamos feito alguma coisa mal. Pedir desculpa não evapora totalmente os acontecimentos. Não evapora nada! Pedir desculpa indica uma percepção de um ato mal feito, mal executado. No meu ver, entendo, que foi sentida a forma como agimos mal, que erramos perante tal situação ou pessoa. MAS... Quando finalizamos o capítulo da nossa vida. Quando ficamos mais idosos. Não há tantos pedidos de desculpas nem tanta falhas. A experiência é o melhor ensinamento que nos vai sendo concebido. E... 
Um dia mais tarde quando formos velhinhas/os, eventualmente já com os nossos filhos e netos bem crescidos, esperemos, e tivermos a casa vazia cheia de fotografias do que todos nós fomos na antiguidade e do que fizemos quando ainda éramos jovens, vamos nos arrepender do quê?
Daquilo que não dissemos quando o deveríamos ter feito.. Daquilo que não vimos quando tivemos possibilidade de o fazer.. Daquilo que eu não desfrutamos por ter medo do que seria o amanhã; De termos medo do que vai ser o nosso amanhã. Nem sequer passa pela cabeça que pode não existir amanhã, mas certamente, é uma contingência.. Algum dia esperaremos o outro dia e não chegará, ou pelo menos, não será lembrado a existência porque não estaremos cá para saber o que foi feito, quem foi visto, onde estávamos.. Mas alguém lembrará por nós, e recordará como um dia triste. Não quero que vivam o dia da minha morte como se fosse o pior dia que alguma vez tiveram.. Vistam um vestido bonito ou alguma coisa que gostem e vão a uma festa, saíam à rua! Eu provavelmente estarei a jogar ao peixinho com as nuvens mas não se preocupem, o que tiverem vestido, assentará muito bem em cada um de vocês. E estou a dizer isto com o nó na garganta porque eu odeio falar nestas coisas.. Mas decidi escrever e limpar a mente daquilo que jamais sair da boca numa conversa com pessoas. Odeio mesmo, nunca falo com ninguém sobre estes assuntos, fujo completamente ao assunto, digamos assim. Assusta-me saber que qualquer dia não virei mais ninguém senão um fundo preto que não se parece com nada... E por isto tudo que escrevi anteriormente digo: Sou uma pessoa alegre, bem disposta e mais adjetivos, qualidades e defeitos, como é normal, que compõem a minha personalidade, tornam-me aquilo que sou eu. Escritora nas horas vagas. Teimosa em todas as horas do dia (Risos).  
No dia em que vivermos cada dia esperando o último ou referindo todos os dias o mesmo, que será da nossa miserável adolescência? Pensaremos nós, certamente que assim foi. Com as nossas asneiras mais que repetidas e mais que lembradas com quem convive connosco. Serve de exemplo, e de uma experiência 'dada' como conselho aos que ainda nem sabem que a ilusão desaparece quando te habituas à ideia de que um príncipe encantado só existe mesmo quando te dispões a contar uma história às crianças. Mas haverão mais ilusões que descobrirás por ti própria/o que assim se designam.. Por ilusões. Ilusões às quais tu darás nome de impossibilidades. Mas não destruas de forma alguma a ingenuidade de quem ainda não renovou os seus capítulos da 'brincadeira da vida'. Chegarão lá também, a seu tempo.
Então se a história assim será, porque não aproveitar os capítulos da nossa existência que o dia a dia nos proporciona a cada 'tic tac' do relógio? Hoje é um dia, são 19horas, foi um dia agradável. Esteve tempo encoberto mas um belo dia. Relembra aquilo puderes. E o que não puderes relembrar depois, faz com que seja intenso para ao menos alguém, relembrar por ti. Porque assim é a vida, hoje um dia, amanhã uma memória. Se é boa ou não, tu defines.. Aproveita o momento, vive o segundo.

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